Você tem o costume de acordar no meio da noite e “assaltar” a geladeira? Se a resposta for sim, saiba que pode se tratar de um distúrbio de sono, já que na maioria das pessoas, o organismo está preparado para um jejum durante a madrugada e não digerir comidas calóricas e em grande quantidade durante o sono. 

De acordo com a afirmação feita pela médica e pesquisadora do Instituto do Sono, Dalva Poyares, o organismo de algumas pessoas entende que a hora de maior funcionamento seria à noite, e por causa disso, a fome de manhã é menor, mas o apetite aumenta durante a noite. 

Essa síndrome de ingerir alimentos no período noturno é um distúrbio alimentar caracterizado pelo aumento da vontade de ingerir alimentos à noite, antes do período principal de sono e com despertares noturnos para se alimentar. Algumas explicações desta síndrome podem estar ligadas ao metabolismo e ao ritmo circadiano, que é o relógio interno do organismo da pessoa. 

Para identificar de forma precisa o distúrbio do sono, os médicos costumam investigar se o paciente se lembra, ou não, de ter acordado para comer durante a noite, e se houver amnésia parcial ou total do fato, é sinal de que existe o distúrbio alimentar associado ao sono, podendo ser desencadeado por medicamentos hipnóticos ou por parassonia, um comportamento semelhante ao sonambulismo. A médica Dalva Poyares ainda explica: 

“Quem tem esse distúrbio de sono tende a comer alimentos não usuais ou misturar alimentos que não combinam e que nunca consumiriam, se estivessem conscientes, podendo acordar nauseado ou se sentindo mal”. 

Ainda segundo a médica, associado ao sono, o distúrbio alimentar pode acometer pessoas com tendência à parassonia, se caracterizando por despertares noturnos acompanhados de comportamento exclusivamente relacionado à mastigação e a deglutição de alimentos ou substâncias, sedo que no dia seguinte, a pessoa não se lembra do acontecido ou demonstra alguns fragmentos de lembrança. 

“Uma das coisas que acontecem é a pessoa comer e não lembrar. Nesse momento ela corre riscos associados à ingestão de substâncias tóxicas, coisas que estão na geladeira e não estão muito boas, misturar alimentos que não combinam, ou mesmo ter lesões por cozinhar ou preparar alimentos durante a madrugada, ou acordar se sentindo mal”. 

A pesquisadora e médica diz que existem tratamentos disponíveis para os distúrbios do sono, frisando que, se o comportamento persistir, é preciso buscar ajuda profissional para investigar as causas da superficialidade do sono e os motivos que o fragmentam.