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Mulher Recupera a Fala com Ajuda da Inteligência Artificial após Acidente Vascular Cerebral
Publicado em 29/08/2023

A evolução da tecnologia tem se mostrado uma aliada essencial para avanços na área da saúde, e a história de Ann Johnson, do Canadá, é um exemplo inspirador desse poder transformador. Há cinco anos, ela perdeu a capacidade de fala após um acidente vascular cerebral (AVC), mas graças à Inteligência Artificial (IA), recuperou a voz e mudou sua vida novamente.
Ann relembra o momento em que perdeu suas habilidades em um piscar de olhos. Com graves paralisias e a incapacidade de controlar seus próprios músculos e respiração, sua vida se transformou completamente. No entanto, sua jornada de superação começou quando ela se voluntariou para participar de um projeto liderado por pesquisadores da Universidade de San Francisco (UCSF) e Berkeley.
O caso clínico de Ann se tornou um exemplo tanto para pacientes quanto para profissionais da saúde que buscam soluções inovadoras para sequelas diversas. Seus treinamentos envolveram repetições de frases de um vocabulário conversacional. Mais de mil palavras foram testadas para que o computador pudesse reconhecer padrões da atividade cerebral relacionados aos sons básicos da fala.
"Foi emocionante vê-la dizer 'Vamos apenas tentar fazer isso' e testemunhar o quão rápido tudo aconteceu, mais rápido do que ela imaginava", compartilhou o marido de Ann, Bill.
Em vez de ensinar a IA a reconhecer palavras completas, os pesquisadores desenvolveram um sistema especial que decodifica palavras a partir de componentes menores, chamados de fonemas. Essa abordagem permitiu ao computador aprender apenas 39 fonemas para decifrar qualquer palavra em inglês, aumentando a precisão e a velocidade do sistema em três vezes.
Com a IA treinada, era hora de dar voz à tecnologia. A equipe criou um algoritmo para sintetizar a fala de Ann, reproduzindo sua voz pré-lesão com base em uma gravação dela falando sobre seu casamento.
O avatar de Ann foi animado com um software que simulou os movimentos musculares do rosto. O processo combina os sinais cerebrais enviados por Ann enquanto tenta falar, convertendo-os em movimentos para o rosto do avatar. A IA consegue reproduzir movimentos da mandíbula, lábios, língua e expressões faciais, como felicidade, tristeza e surpresa.
David Moses, professor em cirurgia neurológica, ressalta a importância desse avanço, afirmando que permitir que pessoas como Ann controlem seus próprios dispositivos com essa tecnologia teria um impacto profundo em sua independência e interações sociais.
Com esperança e determinação, Ann deseja servir como exemplo para outros. Ela afirma: "Quero que os pacientes me vejam e saibam que suas vidas não terminaram. Quero mostrar que as deficiências não precisam nos impedir ou atrasar".
A pesquisa já tem um próximo passo crucial: desenvolver uma versão sem fio que não exija que o usuário esteja conectado à máquina. Ann se orgulha de fazer parte dessa pesquisa e escreve que agora tem um novo propósito.
"Fazer parte deste estudo me deu um novo significado. Sinto que estou contribuindo para a sociedade. Parece que tenho um emprego novamente. É incrível ter vivido tanto tempo; este estudo me permitiu viver verdadeiramente enquanto estou viva", celebra Ann.